A cada 40 minutos, um homem morre de câncer de próstata no Brasil, uma realidade alarmante, que precisa ser mudada, afirma o cirurgião urologista e voluntário da Liga Amazonense Contra o Câncer (Lacc), Giuseppe Figliuolo. No ‘Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata’, comemorado na última quarta-feira, 17, o especialista destaca que, com a prevenção secundária, que inclui o rastreio, orientação e o diagnóstico precoce, é possível reduzir os óbitos por esse tipo de neoplasia maligna, garantindo longevidade a uma parcela importante da população masculina. “Dados recentes mostram que os homens morrem, em média, sete anos antes das mulheres. Entre os fatores que contribuem para essa estatística, está a falta de atenção com a saúde, que, infelizmente, ainda é muito presente na sociedade atual”, explicou.

Figliuolo destaca que, procurar um médico, uma vez ao ano, a partir dos 50 anos, para avaliação e exames de rotina, é extremamente importante para mudar a curva de mortes pelo câncer de próstata. O diagnóstico precoce da doença é feito a partir da dosagem do PSA (antígeno prostático específico – a partir da análise sanguínea) e do toque retal. “Muita gente me pergunta se fazer apenas o PSA não é o suficiente para o controle anual. A resposta é não. O PSA falha em até 20% dos casos. Por isso, costumamos dizer que o PSA e o toque retal são exames complementares, que juntos, aumentam a margem de segurança do diagnóstico ao paciente”, destacou.

A adesão dos homens ao médico foi fruto de levantamento recente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), da qual Figliuolo é membro titular. A pesquisa mostrou que 51% dos homens entrevistados não frequentam regularmente o consultório médico. E para piorar, 30% deles, afirmaram ter mais medo de adquirir impotência sexual do que de ficar desempregado. “Esse é um dado muito importante, que mostra como os homens ainda deixam a saúde em segundo plano, mesmo sabendo que é algo tão essencial à sua subsistência”, explicou o cirurgião.

De acordo com ele, a impotência sexual, assim como a incontinência urinária e outras alterações, podem ser sequelas do tratamento do câncer de próstata. A boa notícia é que, quanto mais precocemente o câncer for descoberto, maiores são as chances de cura e de se prevenir esse tipo de sequela futura. “Ainda assim, lembramos que algumas sequelas decorrentes do câncer de próstata, podem ser corrigidas, posteriormente, com outros tratamentos, levando mais qualidade de vida ao paciente”, destacou.

Estatística do câncer

O câncer de próstata é o primeiro em incidência no Amazonas, na população masculina, com previsão de 480 novos casos ao ano, conforme estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA). No Brasil, são aguardados mais de 65 mil novos diagnósticos/ano. “O importante não é a quantidade de casos descobertos, e sim, em que fase a doença é detectada”, afirmou.

“Lembramos que o câncer de próstata não apresenta sintomas em sua fase inicial. Mas, nas fases intermediária e na avançada, quando a doença fica mais difícil de ser tratada, pode apresentar dor óssea, incontinência urinária, aumento da frequência urinária (ir ao banheiro várias vezes e urinar pouco), redução do jato urinário, dor pélvica, sangue na urina, entre outros”, destacou.