Criado há 14 anos, pela União Internacional para o Controle do Câncer (Uicc), com o objetivo de sensibilizar a população sobre os fatores de risco da doença, o ‘Dia Mundial do Câncer’, comemorado em 4 de fevereiro, busca, sobretudo, a redução da mortalidade por neoplasias malignas em todo o mundo. No Amazonas, dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que neste ano, 5.860 casos devem ser registrados, o que acende um alerta para a necessidade de fortalecimento, na capital e no interior, das campanhas educativas, frisou a presidente da Liga Amazonense Contra o Câncer (Lacc), enfermeira oncológica Marília Muniz.

Em alusão à data, a Lacc e a Rede Feminina de Combate ao Câncer do Amazonas participarão, a convite do Departamento de Prevenção e Controle do Câncer (DPCC) da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), de uma ação ‘ corpo a corpo ‘ , na próxima segunda-feira, nas avenidas Pedro Teixeira e Constantino Nery, a partir das 7h30. Na ocasião da abordagem, serão distribuídos materiais educativos aos motoristas e pedestres, com informações sobre os fatores externos de risco do câncer.
 
Estimativa

Segundo o Inca, órgão subordinado ao Ministério da Saúde, 72% (4250) dos novos diagnósticos previstos para o Amazonas, serão na capital. Marília Muniz explica que a doença está diretamente associada aos maus hábitos de vida e alerta para o fato de que o câncer tem acometido cada vez mais pessoas jovens.

“Antigamente, o câncer era associado à velhice. Isso porque, o envelhecimento celular e a diminuição da capacidade de se recuperarem, fazem com que os idosos sejam mais suscetíveis aos tumores”, explicou.

Apesar de a maioria dos casos ocorrer em pacientes com mais de 50 anos, hoje, pessoas de todas as idades têm desenvolvido a doença, seja pelo fator hereditário, que transfere a carga genética de pais para filhos; ou pela influência dos fatores de risco externos, que incluem uma alimentação inadequada e rica em gorduras, carnes vermelhas e carboidratos, uma vida sedentária, entre outros. “Além disso, observamos que os jovens têm passado a consumir, cada vez mais precocemente, bebidas alcoólicas e cigarros, o que potencializa as chances de se desenvolver a doença no futuro”, destacou.

Além de uma boa alimentação e da prática regular de exercícios físicos, Muniz lembra que o rastreio para a detecção precoce dos mais variados tipos de câncer, pode elevar as chances de cura da doença. “Por isso, reforçamos sempre que a realização do check up anual, com exames como mamografia, preventivo (Papanicolau) para as mulheres, e toque retal e PSA para os homens, além das ultrassonografias indicadas por faixa etária, entre outros, deve fazer parte do calendário pessoal”, disse.

Em casos de alterações ou dores persistentes, um especialista também deverá ser consultado. “Não podemos negligenciar a vida. Quando mais cedo buscamos orientação, mais seguros estaremos”.

 

Campanha

Anualmente, cerca de 9,6 milhões de pessoas em todo o mundo perdem a vida em decorrência do câncer; até 2030, esta deve ser a principal causa de morte, de acordo com a projeção da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC). De acordo com a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), entidade que reúne dezenas de ONGs de apoio à causa em todo o País, os números poderiam ser menores se a doença fosse detectada mais cedo, o que permite um tratamento mais eficaz e assertivo. Pensando nisso, no Dia Mundial do Câncer, celebrado em 4 de fevereiro, instituições ao redor do globo chamam atenção a ações efetivas para ampliar o acesso ao diagnóstico precoce.

Dados da Sociedade Americana do Câncer (ACS) mostram que nos Estados Unidos, as chances de sobrevida após cinco anos de uma paciente com câncer de colo de útero que teve diagnóstico nos estágios iniciais é de 93%, contra apenas 15% nos casos em que o diagnóstico é feito em estágios mais avançados, por exemplo. O tratamento em estágios iniciais também é expressivamente mais econômico quando o diagnóstico é precoce.

Conforme a Femama, no caso do câncer de mama, o investimento feito em uma paciente na rede pública de saúde brasileira, em 2016, era de R$ 49.488 quando o diagnóstico era feito no primeiro estágio da doença, e passava para R$ 93.241,00, quando diagnosticado no terceiro estágio.