“O Outubro Rosa não é só em outubro, é todo dia. É você se cuidar, conhecer seu corpo e não deixar que a doença vença. É enfrentar o medo e a insegurança e seguir em frente. Eu levo essa mensagem a outras colegas que enfrentam o câncer e digo sempre: você não está sozinha”. A declaração é da industriária Joscely Ester Corrêa dos Santos, de 37 anos, que descobriu um câncer de mama em 2018, passou por quimioterapia, cirurgias e agora se prepara para vencer um novo tumor maligno que apareceu na segunda mama. Na semana passada, ela passou pela segunda mastectomia radical (retirada total da mama).

De onde ela tira forças? A resposta é simples: da família, amigos e conhecidos que compartilham da mesma luta diária que ela. Ela também afirma que a informação mudou a forma como ela enxergava o câncer. “A primeira fase foi mais difícil, pois eu desconhecia a doença. Agora que já conheço todo o trajeto, me sinto mais forte, mais segura e estou vencendo. Vou fazer minha segunda cirurgia e estou com muita fé que minha recuperação será melhor que a primeira”, afirmou.

Joscely contou sua história durante a abertura oficial do Movimento Mundial Outubro Rosa, que ocorreu dia 1, no Largo São Sebastião, no Centro de Manaus. Na ocasião, um dos principais pontos turísticos da cidade, o Teatro Amazonas, símbolo amazônico conhecido mundo afora, foi iluminado com a cor rosa, que alerta sobre a importância do rastreio e do diagnóstico precoce do câncer de mama, que deve acometer 440 mulheres, no Estado, em 2019, conforme projeção do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Há dez anos, o prédio foi o primeiro a receber a iluminação especial, em alusão à campanha no Amazonas. Com o tema “Me Trate Direito”, a Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) buscou chamar a atenção para a necessidade de um atendimento oncológico mais humanizado, individualizado, que leve em consideração as características de cada caso e garanta os direitos à prevenção e à saúde das mulheres, já que o câncer de mama é o primeiro em incidência no Brasil e no Mundo e também o que mais mata. No Amazonas, por sua vez, a doença figura em segundo na lista das neoplasias malignas que mais acometem mulheres, perdendo apenas para o câncer de colo uterino.

No Estado, as instituições filiadas à Femama, responsáveis pelo movimento, são: Rede Feminina de Combate ao Câncer e Centro de Integração Amigas da Mama (Ciam), com o apoio da Liga Amazonense Contra o Câncer (Lacc).

A presidente da Lacc, Marília Muniz, explicou que, apesar de ser o segundo tipo de câncer entre as mulheres no Amazonas, em outros estados o câncer de mama é considerado a doença crônica que mais mata pessoas do sexo feminino. Por isso, ela reforçou a importância da realização da mamografia, anualmente, a partir dos 40 anos. “É a forma mais eficaz de reduzir as mortes, descobrindo a doença precocemente e ampliando as chances de cura”, disse. Marília, que é enfermeira oncológica há mais de 20 anos, reforçou que pessoas com histórico da doença na família, devem iniciar o rastreio aos 35 anos. “Se for constatada a doença, a paciente será encaminhada à FCecon, para o tratamento terciário. Mas é importante que se diga que, quanto mais cedo ela for diagnosticada, maiores serão de sucesso no tratamento”.

A presidente da Rede Feminina, Tammy Cavalcante, destacou que a iluminação do Teatro Amazonas teve o objetivo de passar uma mensagem às amazonenses, para que busquem se cuidar. “Isso serve para mulheres que não têm a doença, para as que têm e as que já venceram o câncer e estão na fase de controle. A mamografia é um direito assegurado em Lei e precisa ser cobrado, sempre que necessário”, disse.

A presidente do Ciam, Joana Masulo, que enfrentou um câncer há 24 anos, lembra que, à época, todos os tumores diagnosticados, independente da fase da doença, levavam à mastectomia. Hoje, com o advento das novas tecnologias, os tratamentos são variados, e o câncer em estágio inicial dá abertura para procedimentos que buscam preservar as mamas e, consequentemente, a autoestima das pacientes. A mensagem de superação será levada durante toda a programação do Outubro Rosa pelas equipes de voluntárias que atuam junto às ONGs amazonenses, assegurou.