Além de sensibilizar a população feminina acerca da importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, o de maior incidência entre as mulheres no mundo, a campanha Outubro Rosa também serve para trazer à tona temas não muito convencionais, quebrando tabus e tirando as dúvidas das mulheres, que buscam cada vez mais, conhecer o próprio corpo, afastando eventuais preconceitos. Uma das dúvidas mais frequentes é: o uso de próteses de silicone pode causar câncer de mama?

Segundo o mastologista Jesus Pinheiro, médico com mais de 30 anos de experiência na área oncológica, trata-se de um mito. “O que pode ocorrer é que, com a colocação das próteses, a mama torna-se mais densa, o que dificulta a avaliação clínica e pode até retardar um eventual diagnóstico da doença”, destacou.

Presidente da Liga Amazonense Contra o Câncer (Lacc), uma entidade de cunho filantrópico, com quase 60 anos de atuação no combate ao câncer em seus mais diversos níveis, o especialista assegura que, mesmo mulheres com próteses mamárias, devem realizar o autoexame. Também é indicado buscar a ajuda de um especialista para a realização dos exames periódicos, quando atingirem as faixas etárias preconizadas pelas entidades de saúde das mamas – 40 anos para mamografia e, abaixo disso, ultrassonografia mamária, à exceção de mulheres com histórico na família, que tem indicação de mamografia a partir dos 35 anos.

“Com o advento da ressonância magnética tridimensional, mulheres que receberam próteses de silicone nas mamas podem ter eventuais alterações localizadas. Em seguida, se houver suspeita de câncer, ela será submetida a uma investigação mais aprofundada, incluindo também a realização de biópsia e posterior análise patológica, chegando assim a um diagnóstico definitivo”, explicou.

Mas, de acordo com Pinheiro, vale ressaltar que a ressonância, considerada um complemento de apoio ao diagnóstico, só é indicada em casos muito específicos. Os carros chefes para a população feminina, em geral, continuam sendo a mamografia e a ultrassonografia.

“A ressonância também é utilizada como exame complementar em mulheres jovens, em situação considerada de alto risco, que foram submetidas à cirurgia prévia e radioterapia e, sendo assim, tiveram a anatomia da mama modificada. Mulheres que passaram por procedimentos cirúrgicos conservadores e reconstrução mamária com prótese, também podem ter indicação”, frisou Pinheiro.

Tipos de câncer

O câncer de mama, em geral, divide-se em dois principais tipos. São eles: o carcinoma ductal, responsável por aproximadamente 80% dos casos; e o carcinoma lobular. O primeiro acomete o ducto mamário, local por onde o leite escoa durante a amamentação. O segundo, atinge os lóbulos mamários, mais conhecidos como glândulas mamárias.

“As neoplasias de mama não têm prevenção e os fatores de risco são variáveis. Alguns ainda são desconhecidos. Cerca de 5% dos cânceres, em geral, têm a influência do fator hereditário. Sendo assim, costumamos dizer que quem tem história de câncer na família, tem maior probabilidade de desenvolver a doença e, sendo assim, precisa iniciar o rastreio mais cedo”, assegurou o especialista.

Outros fatores de risco associados ao câncer de mama, são: a obesidade, o tabagismo, o envelhecimento, não ter filhos até os 30 anos de idade (isso impede que a mama amadureça como deve, podendo facilitar o desenvolvimento do câncer), o alcoolismo, entre outros. “A receita para driblar o câncer de mama continua sendo a mesma, há décadas: buscar realizar anualmente os exames de rotina para, se for o caso, diagnosticar precocemente a doença. Quanto mais cedo ela for descoberta, maiores são as chances de cura”, finalizou.