O Amazonas deve registrar, neste ano, pelo menos oito casos de câncer de cabeça e pescoço, para cada 100 mil mulheres, aponta projeção do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão subordinado ao Ministério da Saúde. Entre os homens, a proporção, conforme a taxa bruta de incidência, é menor: seis diagnósticos para o mesmo número de pessoas. Serão 260 casos até dezembro, incluindo as neoplasias malignas de tireoide, boca e laringe em ambos os sexos.
Há quase três anos, o Brasil desenvolve a campanha ‘Julho Verde’, cujo objetivo é, principalmente, conscientizar a população, sobre a prevenção e os fatores de risco da doença. Segundo o diretor-presidente da Liga Amazonense Contra o Câncer (Lacc), mastologista Jesus Pinheiro, a ideia é mostrar à sociedade que o tabagismo e o alcoolismo influenciam diretamente no desenvolvimento da doença, potencializando as chances de um diagnóstico positivo. “A prevenção, nesse caso, é o melhor caminho”, explicou.
No Brasil, a campanha é coordenada pela Associação Brasileira de Cirurgia de Cabeça e pescoço, entidade representativa da categoria e que tem fortalecido o movimento, considerado recente no País. No Amazonas, a Fundação Centro de Controle der Oncologia (FCecon) é uma das instituições que aderiu à campanha, por ser a unidade de referência em cancerologia na região. A Lacc, instituição de cunho filantrópico que atua há mais de 60 anos no Estado, também apoia a iniciativa.
Fatores de risco
A especialidade de cabeça e pescoço trata, basicamente, doenças que se desenvolvem na cavidade oral, laringe e glândula tireoide – essa última mais incidente em mulheres. O gerente do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FCecon, Dr. Marco Antônio Rocha, explica que, à exceção dos tumores malignos de tireoide, que tem influência hormonal e genética, os demais estão associados diretamente a fatores de risco como o tabagismo e o alcoolismo. A associação de ambos aumenta em até dez vezes as chances de se desenvolver o câncer, conforme o especialista.
“Buscamos sempre alertar a população, que o cigarro e o álcool têm influência direta com diversos tipos de câncer, não só com os da região de cabeça e pescoço. Outro fator que pode influenciar diretamente no desenvolvimento da doença, é a falta de higiene bucal. Além de indicar a escovação por várias vezes ao dia, orientamos as pessoas a passarem, anualmente, por uma consulta com o dentista. Ele é o profissional que pode apontar alguma lesão suspeita e ajudar a fechar um eventual diagnóstico precoce, aumentando substancialmente as chances de cura no tratamento”, destacou.
Os sintomas podem se manifestar na boca, nos seios paranasais, no nariz ou na garganta. Entre eles, estão feridas ou nódulos que não cicatrizam, dor de garganta persistente, dificuldade para engolir e mudanças na voz.
Multidisciplinar
Marco Antônio explica que alguns tipos de câncer, quando tratados na forma avançada, podem ocasionar sequelas, como problemas na fala, na mastigação e também resultar em estigmas. Por isso, é importante que a terapia seja conduzida por uma equipe multimodal, que inclua oncologistas, cirurgiões, radioterapeutas, radiologistas, enfermeiros, odontólogos, fonoaudiólogos, técnicos e, ainda, psicólogos, que auxiliarão na reinserção social dos pacientes. “Alguns pacientes sentem-se excluídos da sociedade após serem submetidos a tratamentos muito agressivos, que podem eventualmente alterar suas características físicas. É aí que entra a psicologia, para ajudar na manutenção do bem-estar do paciente e trabalhar os aspectos psicossociais”.
O especialista explica que o estágio em que o câncer é detectado, ajuda a definir a conduta terapêutica a ser adotada. Quanto mais cedo foi feito o diagnóstico, menos invasivo e extenso será o tratamento. “Nos casos mais precoces, optamos apenas por procedimentos cirúrgicos. Nos mais avançados, indicamos o tratamento associado, que pode incluir também a quimioterapia e a radioterapia”, destacou. A regra vale tanto para os casos de câncer de tireoide, como os de cavidade oral e laringe. “Por isso, reforçamos sempre a importância do diagnóstico precoce. Além de aumentar as chances de cura, ele garante mais qualidade de vida ao paciente e mantém a funcionalidade no dia a dia”, assegurou Marco Antônio Rocha.
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